sexta-feira, 2 de outubro de 2020

MÉTODO FÔNETICO


O método fônico ou fonético integra o conjunto dos métodos sintéticos que privilegiam as correspondências grafofônicas. Seu princípio organizativo é a ênfase na relação direta entre fonema e grafema, ou seja, entre o som da fala e a escrita. Este método surge como uma reação às críticas à soletração, e seu uso é mencionado na França, por Vallange, em 1719; na Alemanha, por Enrique Stefhani, em 1803; e é trabalhado por Montessori, na Itália, em 1907.

Neste método o ensino se inicia pela forma e pelo som das vogais, seguidas pelas consoantes. Cada letra (grafema) é aprendida como um som (fonema) que, junto a outros fonemas, pode formar sílabas e palavras. Para o ensino dos sons, há uma sequência que deve ser respeitada – dos mais simples para os mais complexos.

Para atenuar a falta de sentido e aproximar os alunos de algum significado, foram criadas variações do método fônico, com diversas formas de apresentação dos sons: seja a partir de uma palavra significativa, de uma palavra vinculada à imagem e ao som, de um personagem associado a um fonema, de uma onomatopeia ou de uma história. 

Geralmente, as lições do método fônico apresentam-se com palavras ou pequenos textos, e é no Manual do Professor que se explicita em que momento se farão as apresentações de letras/grafemas, assim como qual recurso vai servir para a emissão dos fonemas.

Na Cartilha Nacional, de Hilário Ribeiro, publicada por volta de 1880, sugere-se ao professor uma forma de destacar o som, seja em posição inicial ou no meio da palavra, conforme o exemplo “o professor pronunciará vvvvá e em seguida perguntará às crianças: o que é que soa antes do a? Naturalmente, os alunos aproximarão o lábio inferior dos dentes de cima e emitirão a voz inicial vvvv vocalizada pelo professor”. No livro Minha Abelhinha, os sons/fonemas também são relacionados a uma história: “Um dia a abelhinha viu, lá no céu, uma pipa balançando pra lá e pra cá… Quando o vento batia na pipa com força, ela fazia um barulhinho assim: p...”. No livro É tempo de aprender, há uma pergunta relacionada a uma onomatopeia e a uma história que liga os personagens numa trama, comoa cobrinha ou a serpente silvando ssss….”. No livro Casinha Feliz, as consoantes são consideradas como ajudantes das vogais: “esse ajudante que parece um martelo, que tem uma perna bem comprida, é o ajudante do papai. Ele quer dizer papai, mas só faz um barulhinho assim: p p p. Parece um martelo batendo de leve”.

O destaque ao fonema isolado é ainda hoje empregado em alguns materiais que utilizam cartazes com figuras que ajudem a destacar a letra e seu som em posição inicial e o fonema em posição final, sendo que este é emitido várias vezes pelos alunos e pelo professor (ao ver a letra M, pronunciam mmmmm…).

Uma das principais críticas dirigidas a esse método de alfabetização refere-se à impossibilidade de que um fonema que aparece na corrente da fala de forma contextualizada seja pronunciado sem apoio de uma vogal.

Além disso, na língua portuguesa, há poucas relações biunívocas (termo a termo) entre letras e sons, pois uma mesma letra pode representar diferentes sons, segundo sua posição, e um mesmo som pode ser representado por diferentes letras, também segundo sua posição. Assim, o sistema de escrita é uma representação complexa e suas propriedades precisam ser compreendidas pelo aprendiz, por meio de diversas abordagens e estratégias.   

A apreensão da função que o fonema exerce na palavra pode ser focalizada quando as crianças discriminam palavras que começam ou terminam da mesma maneira e observam sua forma escrita; quando comparam o comportamento de um fonema em várias posições, através da fala e da escrita, como em rato, arco, cantar; quando observam o que altera quando se muda apenas uma letra inicial em palavras como bala, cala, fala, por comparação e contrasteentre outras estratégias de ensino sistemático das correspondências som-grafia.  
























 

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