Rotta e Riesgo (2005) confirmam que os aspectos que mais influenciam na
integração da criança com autismo na família, na comunidade e na escola, são os
déficits sociais, cognitivos, os problemas de comportamento e da comunicação.
Nas crianças incluem também a hiperatividade, desatenção, agressividade e
automutilação, como também algumas respostas anormais a estímulos sensoriais:
audição, tato, visão.
Rivière (1995, p. 283) coloca que o desenvolvimento autista quando
bebês, “[...] não mostra o mesmo grau de preferência pelos estímulos sociais,
nem as mesmas respostas harmônicas a eles, nem a mesma capacidade
intersubjetiva que os outros bebês, e, por isso, parece passivo e indiferente
aos sinais sociais do meio”.
Rivière (1995, p. 285) retrata que para a criança autista, é difícil
desenvolver símbolos e modelos comunicativos, porque o mundo dos demais é, para
elas, em grande parte, opaco e imprevisível. Elas não têm a mesma facilidade
das outras crianças de empatia e significação.
Já no desenvolvimento típico, na fase sensório-motora a criança
desenvolve o conhecimento de “objeto permanente” e acaba entendendo que se
encontra situada em um espaço objetivo que contém objetos permanentes. Ela
também amplia a noção de objeto social, de comunicação e situa-se em um mundo
de pessoas com as quais pode comunicar-se, dividir experiências e interesses e
negociar intenções. Ao final do primeiro ano, o bebê normal possui um
conhecimento subentendido considerável do mundo social. (RIVIÈRE, 1995).
Segundo Rivière (1995), para a criança autista, atualmente, o tratamento
mais eficaz e universal é a educação. A educação do autista tem os mesmos
objetivos gerais que a educação para todas as crianças: desenvolvimento máximo
de suas possibilidades e competências, favorecer um equilíbrio pessoal mais
harmônico possível, promover o bem-estar emocional e aproximar as crianças
autistas do mundo humano de relações significativas.
Almeida (1987) diz que a todo o momento, a escola recebe crianças com
estima baixa, tristeza, dificuldades de aprendizagem ou de socialização,
rotuladas de complicadas, sem limites ou sem educação. A escola facilita o
papel da educação nos tempos atuais, que seria construir pessoas plenas,
priorizando o ser e não o ter, levando o aluno a ser crítico e construir seu
caminho.
No entanto para Rivière (1995), o professor não deve esquecer que, nos
casos de autismo, são sempre necessários modelos educacionais que permitam
atingir os objetivos da educação infantil, apesar das graves deficiências na
interação, comunicação e linguagem e das importantes alterações da atenção e da
conduta que seus alunos podem apresentar. Estes
requerem um ambiente bem estruturado.
Ainda o mesmo autor a supra citado, dizem que para promover uma adequada
aprendizagem, o professor precisa ter muito cuidado com a organização e
condições estimuladoras do ambiente, às instruções e sinais que a criança
proporciona os auxílios que lhes são ajustados, as motivações e reforços
utilizados para fomentarem sua aprendizagem. As condições estimuladoras seriam
a adequação da necessidade de estimular a atenção da criança para os aspectos
relevantes dos trabalhos educacionais e impedir a distração em aspectos
irrelevantes.
As ordens, instruções e sinais devem ser dados somente depois de se
afirmar a atenção da criança e serem claros, simples, consistentes e
apropriados às tarefas. Não é raro, as crianças autistas sentirem-se
“invadidas” por estimulações excessivas e sinais que não compreendem. A
linguagem, que é empregada de forma fácil e complexa nas interações
educacionais com crianças normais, pode acabar se transformando em um “estímulo
fóbico” para os autistas. O professor deve ajustar constantemente sinais que
possam ser processados pela criança, evitando a frustração que esta
experimenta, quando tem sensação (vaga ou clara, dependendo do nível cognitivo)
de que “algo está sendo pedido, mas não sabe o quê”. (RIVIÈRE,
1995).
Para Mantoan (1997), incluir significa integrar um aluno ou um grupo na
educação regular, o que lhe é de direito, num espaço que permita exercer a
cidadania e ter acesso aos diferentes conhecimentos. A inclusão não se limita a
ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia toda
a comunidade escolar. Muitas mudanças vieram acontecendo nas últimas décadas,
inclusive na área da inclusão social. Alguns documentos mundiais foram lançados
em favor da inserção da pessoa deficiente no meio social como: Declaração sobre
Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994). A partir,
principalmente, da Conferência Mundial de Educação para Todos e da Declaração
de Salamanca, com os princípios de reformulação do sistema de ensino como um
todo, o movimento de educação para todos tornou-se discussão mundial e
desencadeou uma verdadeira revolução educacional. Estes documentos mundiais
enfatizam a inclusão social como a forma mais efetiva da implantação da
Educação Inclusiva. O principal mecanismo de luta por uma educação inclusiva,
no Brasil, tanto na educação pública quanto privada, é a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº. 9394 de 20 de dezembro de 1996, que
define no capítulo V que a educação para alunos com deficiência que deve ser
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, assegurando aos mesmos,
currículo, métodos, técnicas, recursos educativos específicos para atender às
suas necessidades, dentre outros. (BRASIL, 1996).
Sabe-se, que a criança com dificuldade em estruturar-se, precisa de um
ambiente organizado. De acordo com Bosa (2006), o programa do atendimento à
criança com autismo deve ser estruturado de acordo com o desenvolvimento dela.
Em crianças pequenas, por exemplo, as preferências devem ser a fala, a
interação social/linguagem e a educação, entre outros, que podem ser
considerados ferramentas importantes para promoção da inclusão da criança com
autismo.
Mantoan (1997) revela que, a inclusão deve andar junto com uma educação
para todos e com um ensino especializado no aluno, mas não se consegue
implantar uma opção de admissão tão intrigante sem enfrentar um desafio ainda
maior: os fatores humanos. Os recursos físicos e os meios materiais para a
efetivação de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao
desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação na escola, exigindo
mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se realizar as
metodologias de ensino e aprendizagem.
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